Era o ano de 2003, e eu viajava a trabalho pela China. Era o voo CA1364 da China Airlines, em 28\/11\/2003, e eu lia o formoso \u201cAs Novas passagens masculinas\u201d, quando me deparei com o contundente \u201cVoc\u00ea est\u00e1 pronto para se empenhar conscientemente em crescer e aprender coisas novas?\u201d, uma das principais decis\u00f5es da vida, segundo M. Scott Peck, autor da trilogia \u201cA estrada menos percorrida\u201d, onde a pergunta se situava. A conjun\u00e7\u00e3o dela com o instigante t\u00edtulo de livro, dentro de outro que tratava de passagens crucias da vida humana me causaram um \u201cah, ah!\u201d alegre e alvissareiro dif\u00edcil de ser colocado em palavras.
Pensando sobre a conjun\u00e7\u00e3o, logo me lembrei e a associei com a express\u00e3o \u201cO longo caminho curto\u201d que ouvira de um admir\u00e1vel professor (xx) nos idos de 1997. Na trama mental, conclui que a estrada menos percorrida pela humanidade \u00e9 menos percorrida por se tratar de um longo caminho, e um longo caminho porque eterno em demanda de esfor\u00e7o consciente, corajoso e dedicado na dire\u00e7\u00e3o de genu\u00edno crescimento pessoal. Na interpreta\u00e7\u00e3o que fiz naquele momento de reflex\u00e3o sobre as terras da China, a aprendizagem nova a fazer, a mais importante e inesgot\u00e1vel em li\u00e7\u00f5es, sempre ser\u00e1 a resultante da cont\u00ednua aproxima\u00e7\u00e3o de si mesmo, na constru\u00e7\u00e3o de significado e sentido pessoal. O curto final do longo caminho tem esta conota\u00e7\u00e3o, a de aproxima\u00e7\u00e3o do \u201csi-mesmo\u201d jungiano(xx), que confere senso crescente de integridade e congru\u00eancia ao sujeito, a partir de uma referencia pessoal que, conhecida, se torna mais vigorosamente vis\u00edvel e presente. Nesta condi\u00e7\u00e3o, o sujeito ganha crescente autoridade sobre si mesmo com o passar dos anos, e mais claridade e confian\u00e7a para os pr\u00f3ximos passos de sua jornada, com menos concess\u00f5es e atalhos perdul\u00e1rios.
Se na corajosa escolha e decis\u00e3o pela \u201cestrada menos percorrida do longo caminho curto\u201d ganhamos em lucidez e for\u00e7a pessoal- porque em condi\u00e7\u00e3o auto referenciada que se fortalece continuamente-, d\u00e1-se o oposto na \u201cestrada comumente percorrida dos curtos caminhos longos\u201d. Nesta, o sujeito deixa-se levar pelos ventos dominantes, as opini\u00f5es e influencias de grupos e\/ou pessoas, comumente de seus mais pr\u00f3ximos, as modas da esta\u00e7\u00e3o, as for\u00e7as do contexto s\u00f3cio-hist\u00f3rico-econ\u00f4mico, sem se permitir abrir espa\u00e7o e deixar tempo e data marcada para um encontro consigo mesmo, que pode se transformar em um longo tempo de espera, talvez de sua vida toda.
Se na \u201cestrada menos percorrida do longo caminho curto\u201d o sujeito se avista e se reconhece mais e mais, tornando mais curto o caminho que lhe conduz a mais frequentes e felizes vit\u00f3rias pessoais, na \u201cestrada comumente percorrida dos curtos caminhos longos\u201d, o sujeito se afasta de si e de sua trajet\u00f3ria, tornando longa a distancia para o seu ponto \u00f3timo de ser si-mesmo. Em hip\u00f3tese mais tr\u00e1gica, pode ficar a vida toda colecionando e se anestesiando com \u201ccurtas\u201d vit\u00f3rias que pacificam as capas egoicas do ser e as infind\u00e1veis expectativas externas, mas tornam muito longa a distancia entre elas e um estado de ser que a alma continua reclamando, e nunca vai parar de reclamar.
Estamos na \u201cestrada menos percorrida do longo caminho curto\u201d quando estamos conscientemente e vivamente engajados em projetos e afazeres que t\u00eam significado e fazem sentido pessoal, segundo referencias conscientemente escolhidas por n\u00f3s. Neste estado, sentimos um crescente senso de poder e de bem estar pessoal. Vivemos e sentimos o presente-d\u00e1diva\/presente-tempo da jornada porque presentes e \u201cem fluxo\u201d(xx) nela, e, naturalmente, deixamos de nos preocupar com o \u201cpote de ouro\u201d ao final dela, porque sentimos o \u201couro\u201d transbordar do significado-sentido que se constr\u00f3i e se vivencia nela, crescendo em certeza de que este \u00e9 o ouro que realmente importa, e o \u00fanico poss\u00edvel a usufruir. Inversamente, estamos na \u201cestrada comumente percorrida dos curtos caminhos longos\u201d, quando n\u00e3o temos referencias pr\u00f3prias definidas, ou seguimos como fantoches utilizando refer\u00eancias alheias ou do \u201cuniverso simb\u00f3lico\u201d social que se quer impor escravizador. Neste estado, vivemos em confus\u00e3o permanente, pequena ou grande, desapoderados de n\u00f3s mesmos. Podemos at\u00e9 acumular bastante, e tornarmo-nos at\u00e9 muito \u201cricos\u201d de conta banc\u00e1ria e posses, mas pobres de n\u00f3s, em estado de v\u00e1cuo interno, eterno consumidor de energia vital, mental, emocional e espiritual.
As nossas referencias vitais, b\u00fassola intr\u00ednseca de nossa natureza, magneto a indicar de forma permanente o caminho de efic\u00e1cia a perseguir, s\u00e3o os nossos valores, de que trataremos progressivamente nos pr\u00f3ximos cap\u00edtulos.<\/p>
RESUMO DO ARTIGO<\/strong> .<\/p> PARA REFLETIR, RESPONDER E AGIR!<\/strong><\/p> Tranque-se em seu quarto ou v\u00e1 passear na praia, ou tome uma trilha solit\u00e1ria na montanha, e se responda: Era o ano de 2003, e eu viajava a trabalho pela China. Era o voo CA1364 da China Airlines, em 28\/11\/2003, e eu lia o formoso \u201cAs Novas passagens masculinas\u201d, quando me deparei com o contundente \u201cVoc\u00ea est\u00e1 pronto para se empenhar conscientemente em crescer e aprender coisas novas?\u201d, uma das principais decis\u00f5es da vida, […]<\/p>","protected":false},"author":2,"featured_media":1964,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"elementor_theme","format":"standard","meta":{"inline_featured_image":false,"footnotes":""},"categories":[1],"tags":[],"class_list":["post-872","post","type-post","status-publish","format-standard","has-post-thumbnail","hentry","category-uncategorized"],"yoast_head":"\n
\u2022 Existe uma estrada que maximiza a nossa efici\u00eancia e efic\u00e1cia humana. Seguir por ela maximiza continuamente a nossa autoridade sobre n\u00f3s mesmos, construindo um senso crescente de integridade e congru\u00eancia interna. \u201cFluxo\u201d, bem estar e um alto n\u00edvel de efetividade est\u00e3o presentes.
\u2022 Existe outra estrada, a dos curtos caminhos longos, comumente percorrida. Atalhos frequentes, devaneios, ilus\u00f5es, frustra\u00e7\u00f5es e desperd\u00edcios se acumulam. Preocupa\u00e7\u00e3o e falta de paz imperam, ainda que as \u201ccurtas\u201d incurs\u00f5es possam anestesiar o esp\u00edrito, embotando-o de \u201criquezas\u201d que \u201cas tra\u00e7as devorar\u00e3o\u201d. Esta \u00e9 a estrada perdul\u00e1ria da inefic\u00e1cia humana.
\u2022 Existe uma b\u00fassola intr\u00ednseca em nossa natureza que nos indica o caminho de maior efic\u00e1cia a percorrer, e esta b\u00fassola \u00e9 constitu\u00edda de nossos valores pessoais.
\u2022 Existe, finalmente, a permanente chance de uma escolha consciente a fazer.<\/p>
1)Que curso minha vida est\u00e1 tomando? Que estrada estou trilhando?
2) Como me sinto internamente? Qu\u00e3o grande ou pequeno \u00e9 o meu senso de integridade e congru\u00eancia interna?
3) O que a minha b\u00fassola interna parece me indicar?
4) Ser\u00e1 que eu poderia come\u00e7ar a nominar esta b\u00fassola identificando-a com valores que realmente s\u00e3o meus?<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"