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The Thought-Provoking Existential Question

Em nossa existência, somos “condenados” à liberdade de ser e fazer, e, por consequência obvia, de sermos os arquitetos de nossas próprias vidas e senhores de nossos próprios destinos. Estas ideias consubstanciam a pedra-angular do existencialismo, a corrente filosófica que teve no filósofo francês Jean Paul Sartre o seu mais famoso formulador e porta-voz.
Independente de corrente filosófica, ou de ideias ligadas à religião, não é mesmo óbvio que, nos múltiplos graus de liberdade que a existência nos concede em qualquer contexto sócio histórico, por mais difícil que se apresente, somos nós mesmos os arquitetos de nossas vidas, os senhores de nossos próprios destinos, um truísmo por assim dizer?
E não é a existência e a liberdade de existir um presente magnífico da vida, uma “condenação” para se celebrar e usufruir?
É sim. A vida é um magnífico presente, que, contudo cobra tributos, dentre os principais dos quais o de nosso crescimento pessoal na direção de realizar todo o nosso potencial humano. Este mecanismo de “cobrança” está instalado em nós e funciona como se fosse um alarme de eficácia infalível por sempre nos apontar que “algo está fora da ordem”, ou que podemos ou devemos seguir em ritmo e/ou direção diferente.
Sim, a existência não nos abandona à nossa própria sorte, e é fabulosamente generosa, dotando-nos de muitos recursos, ponderáveis e imponderáveis, dentre os quais a dúvida, e o poder de nos apropriarmos de nossas dúvidas.
Não é interessante pensar sobre as nossas dúvidas como recursos à nossa disposição?
Ora, as dúvidas nos permeiam o espírito ao longo de toda a nossa existência, desde a mais tenra infância, quando ao cismar sozinhos à noite nos alumbrávamos, não sem uma dose de susto e medo, com o espaço sideral à vista.
Mas como nos apropriarmos de nossas dúvidas? Fazendo perguntas! Perguntas conscientemente formuladas como: “o que é isso que se passa comigo?”, ou “que dúvida é essa, e como posso articulá-la em forma de uma pergunta bastante objetiva?”, ou ainda mais direta e simplesmente “Qual é a dúvida?”.
A história da humanidade tem em Sócrates o seu mais famoso perguntador, que cria que a pergunta desencadeava o processo dialético de revelação da realidade e da verdade sem vieses de qualquer natureza, cuja capacidade sempre está em nós, e com isso deixou todo um legado epistemológico sobre a arte de perguntar.
A minha formação original como engenheiro seguida de pratica da administração na indústria por décadas em grandes companhias globais me engendrou a convicção sólida de que a solução de qualquer problema passa necessariamente pela formulação de perguntas engenhosas. O desenvolvimento científico tal como formalizado nas universidades do mundo inteiro, por exemplo, para os candidatos a futuros mestres e doutores no planejamento de suas dissertações e teses, tem a famosa “pergunta de pesquisa” como pedra angular do projeto de pesquisa acadêmico.
Então, apropriar-se da dúvida significa afugentar qualquer medo de enfrentá-la, intencionalmente trazê-la para a consciência, e articulá-la para que ganhe o formato de pergunta(s) objetiva(s).
Na metafísica do existir, um conjunto de perguntas parece nos permear e acompanhar a vida toda:

De onde vim?
Para onde vou?
Qual o sentido de tudo isso?
Para que estou aqui?
Por que neste lugar e neste tempo histórico?
Qual o meu chamado?
Que contribuições fazer?
O que empreender?

Afinal, o que fazer ao longo e na totalidade de minha vida que me traga um senso muito pessoal de direção e alinhamento, de integridade e congruência interna, de realização que me engrandeça o ser, pacifique, e me eleve o espírito e o senso de pertencimento da família humana? O que fazer para que cresça em percepção de que cumpro com o meu dever, entregando o que me cabe fazer em meu tempo histórico, no atendimento de meu chamado, e utilizando os meus dons e talentos singulares?
As religiões, a filosofia, as tradições milenares e a própria ciência, com destaque para a psicologia e, mais recentemente, a neurociência, parecem indicar que todas essas perguntadas estão interconectadas, e suas respostas parecem sugerir a existência de uma convergência entre dever e querer, querer e dever, que se vai consubstanciando não em uma resposta exata, ou um caminho rígido, mas em uma trajetória, uma direção preferencial, magnética, com caminhos alternativos possíveis que se cruzam e convergem. Aquele que me espreita, e de quem me escondo ou fujo, às vezes a vida inteira, é aquele que devo ser, e que, em minha profundidade, em minha essência, quero ser, e devo procurar ser. Chegar a este que me espreita na viagem necessária e permanente do socrático “conhece-te a ti mesmo” para possivelmente provar do “Reino de Deus está dentro de vós” (xx), é poder responder ao que genuinamente queremos e onde queremos chegar viajando em trajetória escolhida de natural construção progressiva de integridade e congruência interna.
Afastando-nos do aspecto mais transcendentalista de nossas indagações, e concentrando-nos no mais existencial, foco deste livro, o que está sempre conosco, muitas vezes nos acossando, são perguntas relativas ao que queremos ser e fazer, e para o que, ou onde queremos chegar, que sintetizaremos na seguinte pergunta:
Afinal, o que realmente você quer?

Para ajudar o leitor a respondê-la, apresentaremos ao longo dos capítulos seguintes um método para uma resposta não exata, que não se trata aqui de ciência exata, mas que vai ajuda-lo a esboçar com régua, compasso e tinta próprios uma resposta-trajetória, um mapa pessoal de orientação, que lhe vai conferir um senso mais confortável de direção e de alinhamento internos, construtores no tempo de integridade e congruência pessoal, que ao mesmo tempo em que pacifica, forja coragem de e para ser e fazer o que deve ser feito, que a vida pede.

RESUMO DO ARTIGO 

• Em nossa existência, somos “condenados” à liberdade de ser e fazer, e, por consequência obvia, de sermos os arquitetos de nossas próprias vidas e senhores de nossos próprios destinos.
• A existência e a liberdade de existir são um presente magnífico da vida, uma “condenação” para se celebrar e usufruir.
• A vida, contudo cobra tributos, o principal dos quais o de nosso crescimento pessoal na direção de realizar todo o nosso potencial humano. Este mecanismo de “cobrança” está instalado em nós e funciona como se fosse um alarme de eficácia infalível por sempre nos apontar que “algo está fora da ordem”, ou que podemos ou devemos seguir em ritmo e/ou direção diferente. Sim, o mecanismo, muito ao contrário do que poderíamos pensar, é um recurso à nossa disposição!
• Na metafísica do existir, um conjunto de perguntas parece nos permear e acompanhar a vida toda, mas aquela que se faz mais presente e mais nos acossa é: O que genuinamente quero no curto, médio e longo prazo?
• A pergunta respondida dar cor e tom, ritmo e, sobretudo direção e sentido para a nossa vida, gerando um fluxo fabuloso de energia para desempenhar e realizar. A resposta e vivencia dela é um dos fatores cruciais determinantes de nossa eficácia.

PARA REFLETIR, RESPONDER E AGIR!

Os próximos artigos estarão fortemente engajados nesta linha de raciocínio e construção.
Para o momento, proponho ao leitor as seguintes ações:
• Reserve tempo adequado (algumas horas), em local apropriado em que possa estar só com você mesmo- um parque, uma praia, um sítio ou uma trilha na floresta/montanha, ou mesmo o seu quarto fechado (com pedido para que não seja interrompido), ou o que você achar que seja o mais adequado para você. Neste local, imagine-se a alguns anos/décadas à frente, já tendo alcançado tudo de melhor que almejava nesta sua passagem. Você, naquele momento, estará planejando uma reunião de algumas horas com as pessoas que lhe foram mais caras ao coração, seus familiares, seus amigos e pessoas que lhe foram mais significativas em sua passagem. Na reunião, o seu tesouro pessoal será revelado de duas formas: tanto você dirá sobre as realizações que lhe foram mais caras, e que lhe fizeram genuinamente crescer como ser humano, colocando-lhe em patamar superior de sabedoria, quanto ouvirá de seus queridos aquilo que eles consideram foram as suas maiores contribuições.
• Anote livremente e de maneira fluida tudo que for “ouvindo”, expresso tanto por você mesmo, quanto por sua audiência especial. 

O exercício acima é parte de um método que vai ajudá-lo a esboçar com régua, compasso e tinta próprios uma resposta-trajetória, um mapa pessoal de orientação, que lhe vai conferir um senso mais confortável de direção e de alinhamento internos, construtores no tempo de integridade e congruência pessoal, que ao mesmo tempo em que pacifica, forja coragem de e para ser e fazer o que deve ser feito, o que a vida te pede. Contudo, nunca espere por resposta exata, que a vida não é exata, mas por uma resposta-trajetória que lhe irá ampliando o seu próprio senso de significado e sentido pessoal, como uma bússola interna que já está em você.

2 thoughts on “A Instigante Pergunta Existencial

  1. ótima reflexão, perguntas pra vida toda!

    1. Obrigado, Mariana, espero que te seja útil, abraço apertado!

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