O que te acorda no meio da madrugada? Como você acorda e, sobretudo, como você usualmente se sente?
Se você acorda com aquele sentimento de excitação que te impede de dormir um pouco mais tal é o desejo de pular o mais depressa possível da cama para realizar o que “desde ontem(s)” já te animava o espírito, muito provavelmente, você está “sendo tragado” por desejo(s) interno(s) profundo(s) para a realização de coisas que te motivam e entusiasmam em alto nível. Se, ao contrário, você acorda suado, ansioso e preocupado, como se estivesse saindo de um pesadelo, você certamente está “sendo empurrado” para fora de sua cama e de seu tempo de descanso por forças desconexas atuantes em um conflito por ser entendido e resolvido.
No primeiro caso e no segundo caso, o que está no cerne desses movimentos são os seus valores. No primeiro caso, eles estão sendo atendidos e “na ânsia” por revelação e expressão. No segundo, eles ou não estão sendo atendidos, ou parcialmente atendidos, ou ainda, pode ser o caso de pelo menos dois de seus valores estarem em conflito um com o outro.
Quando morei na cidade de Curitiba, “dona” de um dos frios mais desconfortáveis do Brasil, o tal “frio molhado”, costumava acordar de madrugada, e “pular da cama” em noites de frio intenso para subir montanhas com os meus fraternos irmãos da Nova Acrópole, onde reflexões e conversas filosóficas faziam parte da jornada. Certa feita me ocorreu arguir-me sobre o que me “tragava” para fazer aquilo e com muito gosto. Subindo montanha no meio da escuridão e sob frio intenso, cheguei então à minha primeira definição própria para valores humanos:
“Valores humanos são forças idiossincráticas internas que nos fazem “pular” da cama para realizar algo de muito bom grado que mal pode esperar o amanhecer, ou, por outro lado, que te faz acordar suado e preocupado, em estado de confusão e exasperação interna”.
Quando aprofundei a minha reflexão naquele dia de intenso frio, e busquei entender as minhas genuínas motivações subjacentes, entendi fácil que valores ligados a liberdade- a aventura de ir e vir para onde me aprouver, de estar na mata “meio que perdido se achando”-, realização- ser capaz de subir mais um pico de montanha em tanto tempo-, relacionamento- o gosto de estar com pessoas interessantes e fazer amizades- e (busca de) sabedoria- a boa conversa filosófica com os queridos “mais letrados” da Nova Acrópole- eram os valores que mais me instigavam e punham de pé tão cedo, e me mandavam subir montanha!
RESUMO DO ARTIGO
Como corolário da definição acima, verificamos que a conversa em torno de valores, como usualmente é percebido, não se restringe apenas a questões de natureza ética e moral. Resultam dela pelo menos três considerações de alta potência de impacto na vida prática de cada um de nós, nomeadamente como iremos nos posicionar para desempenhar e atingir os resultados que queremos para as nossas vidas, como segue:
• O nosso comportamento tem em sua base em fogueira geradora de grande força e luz, os nossos valores pessoais, o que já é conhecido pela psicologia há muito tempo, sobretudo desde que Abraham Maslow escreveu o seu clássico A Theory of Human Motivation(*) em 1943.
• Conhecer e seguir os nossos valores potencializa a maximização de nossa eficácia; não os conhecer e/ou não segui-los nos deixa confusos, muitas vezes perdidos, desempoderados e com capacidade reduzida de alcançar qualquer coisa que nos realize e gratifique.
• Então, importa muito que conheçamos os nossos genuínos valores para que possamos operar na vida utilizando-os como bússola de orientação!!!
PARA REFLETIR, RESPONDER E AGIR!
• Pense em pelo menos três situações em que você se encontrava no “melhor de si mesmo”. Recorde, visite, sinta o que ocorreu antes, durante e depois, e registre em frases, ou como melhor lhe aprouver, apurando para cada uma delas os valores subjacentes.
• Ao final do acima, você poderá chegar a números de entre 3 e 9 valores, procure os de maior impacto interno. Procure uma forma que lhe seja convincente de ranquear os valores encontrados, a sua hierarquia de valores.
• Siga por pelo menos 3 meses prestando atenção para seus comportamentos no dia a dia em face desses valores.
• Faça registros diários e conclua a sua hierarquia ao final do processo.
• Ao final, tome uma decisão: estes são os valores que passarei a abraçar e que utilizarei como bússola em minhas futuras decisões (a partir de hoje)!