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O Excitante Desafio/Arte de se Fazer Escolhas e Tomar Decisões Eficazes

A pergunta “Afinal, o que realmente você quer?” nos joga em uma arena de largas fronteiras e um número quase infinito de possibilidades, dai o binômio desafio e arte. Instiga e amedronta, nos excita e nos faz estacar hesitantes, vacilantes. Excita por intuirmos estar diante de uma tela em que imprimiremos um desenho, cujo formato, textura e cor a definir uma estética final, terão de sair de nossas entranhas, tarefa para que teremos toda a liberdade de fazer como melhor nos aprouver. Por outro lado, não poucas vezes, estacamos vacilantes, ou mesmo fugimos do enfrentamento, por sabermos ter que assumir a autoria da obra e de seu traçado final e de suas implicações e consequências. Sim, a nossa liberdade nos impõe uma escolha essencial e crucial: a de desenhar e imprimir o traçado de nosso destino, e de segui-lo. Podemos passar a vida inteira escapando dessa responsabilidade de um dono só: nós mesmos!
Percebam na sequencia de perguntas a seguir as diferenças em natureza, tipificação, extensão e profundidade do impacto resultante das escolhas que se faça, que imprimem um grau crescente de complexidade e dificuldade ao respondente:
• Sorvete de coco ou de morango?
• Que cor/marca para o meu carro novo?
• Um carro, ou uma casa?
• Que curso/profissão fazer/abraçar?
• Uma casa ou a minha pós-graduação?
• Concluo a minha graduação/pós-graduação, ou caso?
• Permaneço trabalhando aqui, ou realizo meu sonho?
• Separo, ou faço novas concessões à relação?
• Que concessões fazer?
• Que faço agora que perdi o emprego?
• Que faço agora que me aposentei?
• Que faço de minha vida, agora que ela é estável?
Observando as perguntas acima, uma pequena amostra de um conjunto infinito de situações que o enfrentamento da vida propicia, e detendo-nos um pouco para perceber o que se passa conosco à luz clara ou difusa de nossa consciência, verificamos que existe um ponto comum a todas elas que é o da tensão psicoemocional que se desencadeia. Em contextos diversos, eles próprios possíveis contribuintes de dificuldades adicionais, estaremos envolvidos na luta de escolher entre o certo e o errado, e/ou de maximizar benefícios individuais ou coletivos. O tamanho e força da tensão dependerão da complexidade da escolha a fazer, de seu impacto e implicações e das capacidades de quem a fará.
Dentre as dificuldades presentes no processo de escolher, as da lista a seguir, não necessariamente na ordem apresentada, se interconectam e são bastante comuns:
• Aversão ao pensamento, ou preguiça de pensar, que leva a impaciências e pressa de responder por impulso;
• A não percepção ou não aceitação de que embora tenhamos liberdade ilimitada para escolher, há contextos limitantes que a vida impõe que é mais sábio não resistir e aceitar. É sábio entender, por exemplo, que é responsabilidade de quem escolhe “bancar” as escolhas que faz. Em muitos casos, bancar significa literalmente ter grana no banco para pagar as contas da escolha, pois, afinal, não dá para escolher ir para Nova York fazer o curso de seu sonho na NYU (New York University), esperando que “sua madrinha” querida lhe banque, ou que seus pais lhe fiquem bancando por tempo indeterminado, enquanto “você se acha”. Você continua tendo a liberdade de continuar perseguindo este sonho, encontrando maneiras, ou fazer uma nova escolha, pelo menos enquanto não dá para realizá-lo;
• Busca do benefício imediato, ou inépcia para adiar o benefício para tempo mais adequado;
• A percepção, normalmente difusa, de que ao se escolher algo, deixou-se de escolher uma multidão de alternativas, o que estabelece uma percepção também difusa, mas algo dominante, de que se está majoritariamente “perdendo”;
• Falta de coragem para aceitar o que o coração pede o que pode, em casos extremos, levar a sequer considerá-lo;
• Medo antecipado de não ser capaz, ou de não ter disciplina suficiente para realizar o trabalho necessário à construção da escolha. É, toda escolha engendra uma obra a realizar, e ela pede trabalho porque “não há almoço gratuito, nem merenda”;
• O desejo algo arrogante de ter certeza absoluta da escolha. Isto ficou para os iluminados, e há controvérsias. Para os mortais comuns, bom mesmo é ter uma boa ideia, suficientemente forte, do que se realmente quer, e admitir que “significado e sentido”, que levam a profundo engajamento e motivação, não são dados de todo e de graça, mas construídos- eles vão chegando em quantidade crescente na medida da persistência, do suor derramado;
• Ausência de critérios pessoalmente organizados, ou de um método estruturado para o fazimento de escolhas, ou inaptidão de variada ordem para utilizá-lo (o que leva à primeira dificuldade desta lista). 

A rendição a este conjunto de dificuldades, operando individual ou grupalmente, impõe perdas diversas, das mais concretas como o acúmulo das contas de cartão de crédito que se vão acumulando até à total incapacidade de pagar (com consequências como o nome no SPC e/ou outras mazelas potencialmente mais graves), às mais subjetivas como o senso algo difuso, mas presente de intranquilidade e falta de equilíbrio pessoal, um como que “estou fora de eixo” consumidor contínuo de energia vital.
É irônico, tautológico e, ao mesmo tempo, paradoxal o reconhecimento de que a “não escolha” é também uma escolha, e que a rendição de que se tratou no parágrafo anterior, consciente ou difusa, acaba sendo também uma escolha.
O trágico é que podemos seguir neste “modus operandis” consumidor de energia vital a vida inteira (!), vivendo em níveis diversos de ineficiência e ineficácia, em busca irracional da infinidade de atalhos que conduzem à vivência do “curto caminho longo” em oposição ao “longo caminho curto” que serão tratados no próximo capítulo.

RESUMO DO CAPÍTULO
• O processo de se fazer escolha apresenta dificuldades naturais que precisam ser trazidas à luz da consciência e encaradas;
• Podemos viver a vida inteira em estado de rendição a essas dificuldades, o que consome energia vital continuamente, e gera níveis diversos de ineficiência e ineficácia, o que, paradoxalmente, também é uma escolha;
• Existe método que nos possibilita uma estrutura para fazer escolhas

PARA REFLETIR, RESPONDER E AGIR!
Em praticamente todos os dias passamos por situações que demandam fazermos uma escolha. Reflita sobre seus últimos tempos e/ou se observe e se perceba nos seus próximos dias, buscando responder-se às seguintes perguntas (recomendado registrar o mais imediatamente possível):
• O tamanho do ímpeto versus a vontade de pensar pra escolher;
• A sedução pelo benefício agora neste exato momento (por exemplo, um carro bacana, ou algo que você deseje muito, com altas prestações a juros escorchantes) versus este mesmo carro daqui a um ano com dinheiro poupado e bem investido;
• A sua predisposição para utilizar critérios bem articulados antes de fazer a escolha e tomar a decisão.
• A sua percepção de prazer/excitação x tranquilidade mental/paz pessoal após escolha feita (com ou sem utilização de critérios). • O que você mudará? 

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